Uma prática que desperta preocupação tem ganhado força em Santo: jovens têm usado aplicativos de mensagens, como o WhatsApp, para compartilhar informações sobre blitze policiais. Um grupo com aproximadamente 170 participantes troca mensagens em tempo real sobre locais de fiscalizações e abordagens, permitindo que motoristas em situações irregulares mudem seus trajetos e evitem ser parados.
No grupo, mensagens de áudio, imagens e vídeos circulam rapidamente, detalhando os pontos de fiscalização. A ideia é alertar motoristas que estejam sem documentação, com pendências no veículo ou que tenham motivos pessoais para não querer passar por uma abordagem policial.
Os participantes do grupo justificam suas ações de diferentes maneiras. Alguns reconhecem que estão errados, mas alegam que o uso do grupo é uma forma de “se proteger”. “Não é ingenuidade. A gente sabe que pode ser parado e ter problemas, mas essa troca de informações ajuda muito. É uma maneira de escapar de multas altas ou de ter o carro apreendido”, afirmou um usuário do grupo, que preferiu não se identificar.
Por outro lado, há também quem use o grupo com outro tipo de justificativa. Uma moradora de Santo Antônio, que teve sua moto apreendida recentemente, disse que a intenção não era burlar a lei, mas evitar atrasos no trabalho. “Eu estava indo para o meu emprego, e minha moto foi apreendida porque faltava o pagamento do licenciamento. Se eu soubesse da blitz antes, poderia ter escolhido outro caminho e chegado no horário”, explicou.
Especialistas destacam que a prática pode ter implicações graves, tanto no campo legal quanto no social. Segundo o advogado Lucas Alencar, divulgar informações sobre blitz para auxiliar motoristas a evitá-las pode ser enquadrado como favorecimento pessoal, previsto no Código Penal Brasileiro, dependendo das circunstâncias. “O objetivo de uma fiscalização é justamente garantir a segurança de todos. Quando alguém tenta driblar isso, pode colocar vidas em risco, principalmente em casos de motoristas embriagados ou com veículos sem condições de uso”, alertou.
Na perspectiva social, o uso do grupo também gera divisão de opinião. Para alguns moradores, a iniciativa compromete a segurança nas vias. “Essas blitz existem para retirar de circulação quem não está apto a dirigir. Se todo mundo tiver uma rota de fuga, quem sofre é o cidadão de bem, que está dirigindo corretamente”, disse João Carlos Mendes, morador de Brasília. A polícia tem conhecimento da existência desses grupos e estuda formas de combater a prática. Entre as medidas cogitadas, está o aumento de fiscalizações-surpresa e a realização de blitz simultâneas em diferentes regiões. “Nosso objetivo não é prejudicar ningúem, mas garantir que as normas sejam cumpridas. Quem não deve, não teme”, destacou a PM.
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